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Dica do Especialista #8

Prezados pais e/ou responsáveis,

Nesta semana chegamos à oitava produção escrita das especialidades do CAEC, com os temas "Disfagia", fonoaudiologia, e "Diagnóstico e autodiagnóstico", psicologia.

A partir desta semana, vocês terão uma nova tarefa, começarão na missão de ajudar, acompanhar e orientar suas crianças nos conteúdos pedagógicos passados pelas escolas.

Lembrem que esse será um momento de grande importância na vida de seus filhos, por isso, a paciência, a compreensão, a rotina e outras dicas dos textos anteriores poderão contribuir nessa nova adaptação.

Boa leitura, boa reflexão e boa semana!!!

FONOAUDIOLOGIA – DISFAGIA

Olá! Hoje falaremos sobre a disfagia que, de uma forma geral, é a dificuldade para engolir.

Ela pode estar presente em bebês, crianças, adolescentes, adultos e idosos, e ocorre quando existe um problema numa das diferentes fases de passagem de alimentos sólidos ou líquidos para o estômago. Esse quadro pode ocorrer desde o início de vida, dificultando ou impossibilitando a amamentação e as outras formas de alimentação.

O que causa a disfagia?


Uma das causas pode estar relacionada à dificuldade da passagem do alimento da faringe para o estômago. Essa "barragem" pode resultar na entrada dos alimentos nas vias respiratórias, ocasionando tosses, engasgos, falta de ar e até mesmo aspiração pulmonar do alimento. Em outros casos, a disfagia pode estar relacionada a doenças neurológicas. É importante ressaltar que a disfagia é um sintoma comum de diversas doenças. Ela indica que algo está errado.



Conheça alguns sinais presentes na disfagia:

• Dificuldade em controlar ou engolir a saliva;

• acúmulo de alimentos na boca;

• regurgitação nasal ou oral;

• pneumonias de repetição (frequentes e seguidas)

• dificuldade em tomar determinados medicamentos;

• perda de peso de uma forma repentina;

• recusa alimentar ou diminuição do prazer de comer;

• dor para engolir;

• necessidade de fazer força para engolir;

• sensação de comida presa na garganta;

• presença de engasgo e tosse para engolir;

• dificuldade para mastigar os alimentos;

• incapacidade de coordenar a respiração, alimentação e deglutição (engolir);

• mudança na qualidade vocal depois de comer;

• fica com o corpo rígido durante a refeição;

• irritabilidade ou diminuição do estado de alerta durante as refeições;

• recusa de certos tipos de alimentos.

A disfagia pode ocasionar desidratação ou desnutrição, risco de aspiração (que é a entrada de alimentos ou líquidos nas vias de respiração), pneumonia ou infecções respiratórias de repetição (que podem levar a doença pulmonar crônica) e constrangimento ou isolamento social em situações que envolvam refeição.

Diagnóstico:

É importante consultar o pediatra sobre as possíveis causas médicas dos problemas de deglutição. Será necessária a intervenção do fonoaudiólogo para avaliar a alimentação e o processo de deglutição. Esse profissional irá recomendar o tratamento mais adequado para o caso.

Para o tratamento obter um resultado eficaz, é necessário o cumprimento de alguns hábitos:

• Adequação da alimentação: os alimentos devem ser alterados conforme a dificuldade de cada um. Em muitos casos é indicada uma dieta com consistências específicas.

• Mastigue devagar: coma devagar e mastigue bem. Quanto melhor a mastigação, melhor será a digestão e mais fácil será para a formação e controle deste alimento na boca e na deglutição (ato de engolir).

• Postura: evite que a criança coma deitada, a não ser que seja uma recomendação médica. Na hora da refeição, peça para a criança apoiar os braços na mesa e erga a cabeça e o tronco para engolir os alimentos.

O mais importante é que os pais/responsáveis fiquem atentos aos sinais da disfagia e, qualquer dúvida, procurem ajuda médica e/ou fonoaudiológica.

Nós, fonoaudiólogas do CAEC, estaremos à disposição de vocês.


PSICOLOGIA – DIAGNÓSTICO E AUTODIAGNÓSTICO

Muitas famílias chegam em nossos consultórios em busca de um diagnóstico. Sim, nós psicólogos temos a permissão legal e a especialidade que nos permite emitir diagnósticos na área da saúde mental. No entanto, diferentes de muitas áreas, o diagnóstico na psicologia exige que façamos uma investigação para além do próprio paciente e do discurso de sua família. É preciso se ater aos detalhes que regem a lógica do funcionamento singular, único, de cada indivíduo e as formas como os ambientes que colaboram para seu desenvolvimento emocional lidam com ele. Geralmente é preciso investigar e também dar suporte para a família fornecer a esse indivíduo condições básicas para que possa se desenvolver antes de definir um enquadramento comportamental ao qual uma pessoa possa pertencer, antes de delimitar um diagnóstico. Traremos neste texto, então, reflexões acerca do diagnóstico e do autodiagnóstico no campo da saúde mental pelo viés da nossa equipe de psicologia. Nosso objetivo com o texto de hoje é mostrar os cuidados com o diagnóstico, questionar sobre a necessidade de um diagnóstico e instrui-los quanto os perigos e equívocos do autodiagnóstico (pessoas leigas, não profissionais, darem diagnóstico).

Um diagnóstico feito por psicólogos é um processo e não um ato. É um processo de acolhimento da família com suas angústias e por isso a busca por ele, é a escuta da história desta família, desde as relações anteriores à criança, relações familiares, perfis comportamentais de pais, avôs, tios, parentes, passando pelos relatos dos momentos mais primitivos com a criança em questão (desde que era bebê). A psicologia fará um apanhado das relações, das formas de se comportar dos membros da família, das habilidades e dificuldades familiares, de cada detalhe das etapas dos anos anteriores de desenvolvimento maturacional da criança. Buscará cada informação sobre como aprende, quando aprende, como se relaciona, como reage, como brinca, como dorme, como se alimenta. A psicologia irá querer saber como a família organiza a rotina da criança, como era essa rotina quando era bebê, quais são as regras da casa, quais são os valores e crenças da família. Buscará compreender quais são as expectativas depositadas na criança e qual a contribuição familiar para que a criança atinja estas expectativas.

Parece muita coisa? E são muitos detalhes! Mas cada informação é muito importante para que possamos mapear o funcionamento emocional da criança e traduzir o que pode estar acontecendo com ela que não esteja sendo tão produtivo como seu ambiente familiar deseja. Durante essa investigação tentamos que a família perceba que a nossa função não é colher dados para julgar, expor, ou dizer o que é certo ou errado. O profissional de psicologia se preocupará em entender a realidade daquela família em questão, tentar entender o que pretendem na educação de seus filhos e o que esperam do atendimento psicológico. O processo ajudará a família a se perceber como agente indispensável na formação da criança e na sua melhora, ou em ajudá-la a ter comportamentos que sua família e ela considerem mais funcionais. Psicólogo e família construirão um caminho que permita a família e a criança a terem uma maior qualidade de vida ao longo de suas existências, com ou sem acompanhamento psicológico contínuo.

A psicologia trará, nesta busca por diagnóstico, a partilha de responsabilidade e tirará do paciente central o peso do diagnóstico distribuindo entre ele, sua história de vida, seus contextos e sua família, trazendo perspectivas de dias melhores a partir de novos pilares comportamentais. Ou seja, a psicoterapia e sua busca por um diagnóstico, poderá oportunizar a família a se perceber como participante desse modo de se comportar da criança, ou como pessoas que podem lidar de uma forma menos severa, mais participativa, mais compreensiva, mais amorosa e mais cuidadosa, pois podem se aproximar. A busca pelo diagnóstico clínico pela psicologia é muito mais a busca pelo autoconhecimento familiar e da própria criança para não ficarem submetidos a um diagnóstico do que a busca pelo diagnóstico propriamente dito. A psicologia trará reflexões no contrafluxo da moral, fará as famílias pensarem no que querem para si, e não o que os outros desejam para elas.

Em nossos atendimentos acolhemos muitas famílias angustiadas em busca de diagnóstico, mas com queixas que na realidade são comportamentos comuns, normais e saudáveis de criança, mas que os adultos que estão lidando com ela estão com dificuldade em aceitar que aquela criança só está sendo criança. Logo, a busca por um diagnóstico pode resultar na desconstrução de um diagnóstico. A psicologia provavelmente, nesses casos, contribuirá para a percepção dos responsáveis de que aquela criança está coerente com o esperado, psicologicamente, para sua idade e ajudará os ambientes que se queixam dela a se comunicarem com mais empatia para que possam ter mais harmonia em seu convívio sem exigir dela mais do que sua idade possa ofertar.

É por meio desse autoconhecimento sobre as famílias que elas se fortalecem e podem contribuir na criação de um plano de tratamento para aquela criança. Todo processo psicoterapêutico pode desaguar em um diagnóstico, na saída dele, ou em sua desconstrução. Por isso é fundamental que as famílias se questionem o motivo do desejo pelo diagnóstico. No que o diagnóstico irá ajudar aquela criança? O que farão quando tiverem o diagnóstico? E a escola que está exigindo um laudo, o que fará com este documento? E os profissionais que estão exigindo, no que dizem que fará diferença para a vida desta criança?

Quando questionamos aos pais ou responsáveis o motivo da busca do diagnóstico, a grande maioria não sabe. Muitos responsáveis indicam ser exigência da escola ou de outros profissionais que atendem a criança. Esses pais e/ou responsáveis se sentem tão pressionados por sua criança não corresponder às expectativas sociais que automaticamente, sem crítica, expõe a criança nessa corrida em busca de um diagnóstico sem saber se querem e estão prontos para lidar com o que estão buscando. Um processo psicoterapêutico infantil é um processo bem invasivo para as famílias, pois os profissionais precisam se aproximar muito para saber como ajudar. Mas também é um processo de quebra de preconceitos, de idealizações, de ignorância sobre si, logo, um processo de empoderamento.

Saber a real necessidade do diagnóstico também faz parte deste processo de investigação. Muitas vezes um diagnóstico dá direito a uma estrutura ou condição que sem ele não haveria. Por exemplo, tutoria em sala de aula (um profissional que ajuda a criança em seus aprendizados dentro de sala de aula). Mas muitas vezes um diagnóstico não irá ter grandes alterações na vida de uma criança e de sua família e quando o profissional questiona o que mudaria nem os pais nem os profissionais sabem o que.

O que estamos explicando e que vocês precisam saber é que muitas das orientações podem ser dadas antes ou sem um diagnóstico, apenas avaliando a criança e conhecendo sua organização familiar. Até mesmo a escola e seus outros meios podem ser orientados para terem maior repertório para administrar os comportamentos da criança. O importante é sempre avaliar se tais comportamentos estão interferindo significativamente nas relações e atividades diárias dessa criança.

Seguem algumas perguntas para ajudar nessa reflexão antes mesmo de procurar ajuda e mesmo se a criança já faz atendimento:

•Esses comportamentos estão tão problemáticos e impossíveis de lidar?;

•Os adultos estão com dificuldade em lidar ou estão desmotivados em lidar? Em algum momento já estiveram dispostos a lidar com estes comportamentos?;

•As pessoas que se relacionam com esta criança tentaram modos diferentes de manejar os comportamentos?;

•Os adultos tentaram escutar e observar como a criança está?

•Há algum motivo, algum acontecimento, para que a criança esteja se comportando de tal forma? Ela sempre teve este tipo de comportamento?;

•Esse comportamento causa incomodo apenas para os responsáveis? Ou causa mal estar na criança e em quem a cerca?;

•Esses comportamentos a impedem de ter uma rotina de convivência e aprendizado comuns a crianças da sua idade?

Essas reflexões amparadas por profissional ajudarão a família a ampliar sua visão a respeitos dos modos comportamentais de sua criança se expressar. Em nossa prática clínica observamos muitos pais que, pela ânsia em obter um diagnóstico, começam a fazer a investigação por si próprios por meio da internet e se autodiagnosticar ou diagnosticar a sua criança. Nos dias de hoje as informações disponíveis são infinitas e igualmente perigosas, são informações fáceis, rápidas e abrangentes. É muita informação! É preciso tomar cuidado com essa busca.

A busca por diagnóstico pode dar margem a muitos erros. Existem infinitas possibilidades de diagnósticos, sintomas parecidos que podem confundir. Termos técnicos similares a expressões do senso comum, mas com significados divergentes. Quando falamos em diagnóstico em saúde mental o risco de equívoco é muito alto, pois muitos dos comportamentos de uma psicopatologia são comportamentos comuns a pessoas saudáveis. A frequência, prevalência, ou ainda as restrições que acarretam à vida de uma pessoa é que farão tais comportamentos serem considerados patologias.

Ou seja, um dia estar triste e outro feliz é comum, variar de humor é comum, principalmente em uma sociedade dinâmica e cheia de acontecimentos como a nossa. Inclusive somos afetados pelas condições climáticas. A bipolaridade, diagnóstico comum na lista daqueles que se autodiagnosticam, vai muito além de alterações coerentes de humor.

O autodiagnóstico de TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – corriqueiramente aparece em nossos consultórios. Esse transtorno é facilmente confundido com as criancices, com os comportamentos de crianças saudáveis que tem energia de sobra assim como exigências inúmeras para acompanharem as rotinas frenéticas dos adultos responsáveis por elas.

Outro autodiagnóstico comum é o autismo. Os pais e ou responsáveis relatam que a criança vive em seu mundo, fala pouco, tem restrição alimentar, interage pouco com os amigos em sala de aula. A família tem certeza que a criança é autista. Quando investigamos a criança vive em seu mundo fantasioso, de conto de fadas, fala pouco pois é tímida, mas logo que pega confiança se expões, brinca adequadamente com os objetos, inclui o profissional na brincadeira, tem comportamentos espontâneos. Sua restrição alimentar é consequência de um mimo familiar que, com medo da criança não comer nada, a enchem com os quitutes que gosta, segundo a família “Melhor comer besteira do que não comer nada”. Como é tímida interage pouco em sala de aula pois sua mãe já orientou e até mesmo a assustou quanto a não conversar em sala de aula. Conclusão, é uma criança que reage aos ensinamentos familiares e a forma de comunicação familiar, se não precisa falar muito pois já ganha o que quer, não fala, economiza, se não precisa comer comida e pode comer quitutes, come quitutes, se pode se esconder na sua timidez, se esconde. É uma criança esperta, adaptada ao seu meio e aprendendo com ele, pois só fala e faz o que é conveniente. O tratamento será direcionado à família para perceber que a busca por um diagnóstico, e a postura de já ter precipitadamente se agarrado a um, pode dizer de como está com dificuldades de enxergar suas potencialidades de intervenção quanto família e as capacidades da criança quanto indivíduo. Temos aí, lindos trabalhos com as famílias.

O dia a dia em nossa sociedade é de cobrança, correria, pressão. Os adultos estão sempre correndo. Geralmente não é de propósito que nós adultos acabamos não vendo o que está acontecendo com a vida de nossos pequenos. Nós simplesmente não paramos para ver, às vezes nem temos tempo para pensarmos em parar para olhar. E é quando chegam ao consultório que o profissional de psicologia os acolhe e ajuda a parar, ver, analisar e conseguir tomar outro rumo que não seja o de levar a vida nessa correria desenfreada sem olhar para o que está acontecendo ao seu redor. Ver e perceber como está levando sua vida possibilita os responsáveis a se conectarem consigo e com seus familiares, serem mais empáticos e conseguirem se comunicar com mais afetividade.

Para nada há respostas prontas. Nem na internet, nem com os profissionais. Até um médico quando receita uma medicação, necessita ver como vai ser a reação ao medicamento e muitas vezes tem que ir trocando até dar certo e confirmar uma hipótese diagnóstica. Agora, imaginem um leigo tentar descobrir um diagnóstico só buscando informações pela internet. Fechar um diagnóstico pode ser um alívio no sentido de se descobrir o que está afetando a pessoa e poder partir para um tratamento adequado. Porém, também pode ser um fator limitador, dependendo de como a pessoa encara esse diagnóstico. Por exemplo, podem acabar rotulando a pessoa e usando seu diagnóstico como desculpa para justificar todas as suas ações.

A internet é uma ferramenta que pode nos auxiliar no dia a dia, mas ela não substitui uma análise profissional criteriosa e uma explicação mais adequada e confiável de um especialista. Quando usada é necessário que se confira, por exemplo, se a fonte de pesquisa é confiável. É comum os usuários da internet confiarem em falsas informações, ou deduzirem erroneamente o que o texto está apresentando, se utilizando de diagnósticos incertos para direcionar o modo de lidar com suas crianças. Às vezes demoram para buscar ajuda e acabam contribuindo para o atraso de desenvolvimento de sua criança.

Informações erradas, e/ou interpretadas erradas, induzindo a conclusões apressadas, precipitadas, muitas vezes ocasionando autodiagnósticos e automedicações, já são motivos suficientes para preocuparem os profissionais das diversas áreas da saúde. No entanto, além de direcionarem a uma administração equivocada dos sintomas iniciais que levaram a busca pelo diagnóstico podem ainda provocar nos pacientes crises de ansiedade, sintomas depressivos e síndrome do pânico, isso porque geralmente as afirmações via internet geralmente são reduzidas e limitam negativamente o quadro clínico. As conclusões autodidatas levam a conclusões muito piores do que frequentemente é o estado de saúde do paciente.

Assim os orientamos:

1. Frente a suspeita de diagnóstico procure um profissional de sua confiança;

2. Tenha paciência e crítica diante do processo do diagnóstico;

3. Não fique com dúvidas, nem as leve para casa. Busque esclarecer tudo que queira e precise saber na consulta;

4. Evite buscar respostas sobre assuntos sérios e importantes na internet, principalmente se você não conhece fontes seguras para pesquisas;

5. Não se autodiagnostique, nem a seus familiares;

6. Não se automedique, nem a outro;

7. Lembre-se que o indivíduo que está com dificuldade é muito mais do que as queixas que existem dele. Ninguém é sintomático o tempo inteiro.

Neste momento em especial, precisamos confiar nos profissionais e nas ciências. Eles se mostram a fonte mais segura para que consigamos nos manter saudáveis.

Por isso, contem conosco para quaisquer esclarecimentos.

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