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Dica do Especialista #7

Queridos pais e/ou responsáveis,

Trazemos hoje nossa sétima produção escrita das especialidades do CAEC.

A partir da semana que vem as famílias começarão um novo momento de quarentena, pois terão a missão de ajudar suas crianças nos conteúdos pedagógicos passados pelas escolas.

Lembrem das nossas dicas dos textos anteriores. Esses textos também os ajudarão em mais essa missão da quarentena!

Os temas desta semana são "Disfonia Infantil", fonoaudiologia, e "Ansiedade", psicologia.

Estamos ao dispor de vocês para possíveis dúvidas. Boa leitura e bom semana!

FONOAUDIOLOGIA - Disfonia Infantil

Esta semana vamos falar um pouquinho sobre a disfonia na infância. É basicamente uma dificuldade da produção natural da voz. Não tem um padrão/regra para descobrir o que é normal para uma voz, a avaliação é sempre qualitativa (bonita, feia, limpa, suja, áspera, lisa, aveludada entre outras) e, portanto, podem ocorrer variações individuais. A rouquidão na criança nem sempre é levada a sério, mas é um dos principais sinais de alerta de que algo está errado com as pregas vocais do seu filho (a). Outros sinais para ficar atentos: seu filho fala muito alto ou grita? Faz esforço para falar, saltando as veias do pescoço?

Se a criança fica muito rouca depois de chorar, perde o ar, fica descontrolada ou grita muito, é porque existe uma disfonia se manifestando.

A maior parte dos problemas da disfonia infantil são decorrentes do comportamento vocal da criança, esforço e abuso vocal. Também temos os fatores alérgicos, psicológicos, entre outros.

O nódulo vocal é considerado a lesão mais frequente na infância com prevalência entre os meninos na faixa etária entre os 7 e 9 anos.

O que a criança não deve fazer? Usar muito a voz sem hidratar (gritar ou falar por longos períodos), pigarrear, falar sussurrando (cochichar), esforçar para falar quando já está sentindo dores.

Quando devo agir?


Se a criança nasceu rouca, reclama de dor ao falar, se cansa facilmente enquanto fala perdendo assim o ritmo da fala, se seu filho(a) estiver rouco há 15 dias ou mais, se só melhora quando a criança faz repouso vocal e logo após o uso da voz volta a piorar.

Disfonia infantil tem cura?


A mudança é gradual e pode até desaparecer, tudo vai depender da causa da disfonia. Nunca devemos esperar para ver se passa/cura sozinho, pois quanto mais demorar para se iniciar o tratamento pior o quadro tende a ficar.

Como cuidar da voz das crianças?


• Deve sempre orientar a criança a falar sem esforço e sempre articulando bem as palavras;

• oferecer muita água para a criança ter a prega vocal bem hidratada;

• intercalar as atividades calmas com as agitadas que exigem maior esforço vocal;

• evite conversar em locais barulhentos;

• não interrompa a criança quando ela estiver falando e ouça sempre com atenção;

• não incentive, estimule nem concorde com a competição entre diferentes sons (várias crianças falando ao mesmo tempo, televisão ligada, etc.);

• dê sempre o exemplo sendo um bom modelo de voz!


PSICOLOGIA – Ansiedade

Olá, famílias que estão acompanhando nossas postagens semanais aqui no site, tudo bem com vocês? Pergunta complexa para este momento? Vocês sabem se estão bem? Vocês já pararam ou tiveram tempo para fazer esta análise neste momento?

Nesta fase de confinamento estamos escutando e lendo várias pessoas dizendo e postando que estão ansiosas, que estão comendo mais, roendo unhas, com dificuldade de dormir, que não veem a hora de terminar esta pandemia e voltar a rotina. Há pessoas que até confessam que reclamavam de sua rotina e agora a desejam profundamente. Temos o hábito de usar a palavra ansiedade para descrever como estamos nos sentindo em determinadas situações, mas vocês sabem realmente o que ela significa? O que a psicologia fala a respeito dela?

Pois é, hoje traremos algumas explicações para que possam entender o que é ansiedade, afinal, é muito comum as famílias usarem tal palavra para traduzirem conjuntos de comportamentos de uma criança. Geralmente citam junto com ela a agitação, inquietude, irritabilidade, o questionamento repetitivo sobre acontecimentos. Vamos entender um pouco mais sobre a ansiedade?

A ansiedade é um estado de humor onde há predominância de preocupação, é a nossa captação da presença de perigo, mesmo que não saibamos qual. A ansiedade se apresenta tão intensa devido ser uma sensação que nem sempre consegue corresponder a um perigo externo real. Ou seja, gera insegurança sem necessariamente sabermos o motivo. As vezes sabemos o motivo, mas a explicação não é óbvia mesmo tendo um objeto real de medo, a justificativa é simbólica, é própria para aquele indivíduo e, por isso, difícil de ser contornada racionalmente por alguém que não seja ele próprio.

As primeiras vezes que sentimos ansiedade e a temos registrada em nosso corpo é quando somos bebês e sentimos a ausência da nossa mãe, ou de quem é responsável pelos nossos cuidados básicos rotineiros. Seja porque ela está demorando para nos alimentar ou porque realmente não está perto de nós por um período um pouco mais longo do que estamos acostumados a lidar. Sendo assim, esperávamos por algo que acontecia e, agora, não sabemos pelo que esperar, queremos saciar a fome, queremos o aconchego e ficamos incomodados e inquietos, reagindo com comportamentos impulsivos (choro, agitação e grito) para tentarmos sobreviver a tal situação e conquistar o que almejamos (colo, mama, troca de fralda).

A reação com comportamentos impulsivos permanece presente ao longo do nosso crescimento, tomando novas formas como roer unhas, ficarmos com tensões corporais, ficarmos irritados, às vezes até agressivos, ou sensíveis (até mesmo chorando mais). Apesar de não lembrarmos, essas formas de reação corporal estão registradas em nosso corpo e nos permitem a sensação de que por algum momento estamos retomando a ordem.

A sensação de desamparo frente a um novo acontecimento em nossa vida na primeira infância (quando ainda somos bebês) também fica registrada - faz parte haver este registro e é necessário - o que facilita o surgimento da ansiedade como um mecanismo de defesa quando algo muda ou temos uma novidade em nossas vidas. É comum nos sentirmos desamparados quando estamos esperando algo acontecer, ou quando precisamos sair da rotina, ou quando mudamos algo que estamos acostumados e dominamos fazer, sair do programado, mudar a rota, as mudanças podem causar ansiedade, pois remetem ao medo do desconhecido.

A ansiedade tem uma função muito importante que é nos preparar, através do medo e da preocupação, para as situações de perigo. Podem ver que geralmente somos capazes de criar mirabolantes histórias para preencher as justificativas do porque estamos ansiosos.

Realmente, como as famílias que atendemos bem observam, o coração acelera, as pessoas ficam mais agitadas, com mais pensamentos fantasiosos, inquietas (pensamentos acelerados), irritadiças, pois não conseguem se comunicar direito, reagem corporalmente, afinal estão envolvidas com seus medos e estratégias para se proteger deles, ou ainda, focadas na imaginação das possibilidades a partir do evento disparador. O não saber o que esperar daquele momento pode gerar uma ansiedade conturbadora.

Quando atendemos as famílias que relatam que suas crianças são ansiosas investigamos com as famílias em quais momentos as observam ansiosas, o que aconteceu antes, o que aconteceu depois, como a família lidou com essa afetividade da criança. Todos os dados são muito importantes para construir um mapeamento do disparador da ansiedade para descobrir qual é o medo envolvido nesta ansiedade.

A ansiedade traz um medo. Ela diz de um medo que pode ser de alguém, alguma coisa, ou ainda de algum afeto, como o de ser abandonado ou de ficar sozinho. Como a criança se comunica pouco verbalmente, a família é um agente importante na investigação da ansiedade, por isso deve ficar atenta a todos acontecimentos. Geralmente é um medo não organizado, que não se sabe exatamente do quê, por isso toda observação é de suma importância para esse mapeamento da ansiedade.

É comum crianças autistas terem crises de ansiedade perante indícios de saírem da rotina. Por isso a importância de prepara-las para as alterações e tomar cuidado para as atividades rotineiras não se tornarem tão fixas e rígidas que sejam tidas como um ritual para criança, que ela necessite realiza-las independentemente dos acontecimentos.

A ansiedade traz conteúdos únicos para cada pessoa. Por isso a investigação juntamente com quem sofre de ansiedade é tão importante. Apenas em conjunto com o paciente conseguiremos criar estratégias para que administre melhor esta afetividade. A ansiedade, então, é necessária pois prepara nosso corpo e mente para possíveis perigos.

A ansiedade patológica, considerada um transtorno psicológico, será aquela que interfere na funcionalidade de uma pessoa, sendo assim, é a que impede de realizar alguma atividade que gostaria ou precisa realizar, que prejudica suas atividades diárias, que interfere nas suas relações (Exemplo: Não consegue ir à aula, porque está chorando compulsivamente; Não consegue ter atenção no trabalho, pois o coração fica acelerado e causa mal estar; Não consegue fazer outra coisa a não ser pensar sobre o assunto disparador da ansiedade).

Se a ansiedade é necessária ao ser tratada não se buscará eliminá-la, necessariamente. Buscará que o sujeito seja capacitado a experimentá-la e usá-la para tentar entender qual o conflito que a está gerando e o que pode apreender desta situação, não mais se submetendo a ela, mas lidando com ela.

A ansiedade nos parece um estado emocional de fácil detecção pelas famílias que atendemos, mas de pouca compreensão. Poucas sabem o quão importante é a ansiedade. No entanto, com o passar dos atendimentos, se a família consegue manter uma observação criteriosa, consegue ajudar a criança a passar pelos conflitos pois compreende a ansiedade como uma forma de sua mente tentar protege-la de algo.

Algumas dicas para lidar com as possíveis ansiedades dos pequenos são:

•Dialogar: para que a criança aprenda a conhecer e entender suas reações a determinadas situações, ajudando-a a se conhecer se sentirá mais segura e/ou a oportunizará a construir estratégias para que se sinta mais segura;

•Exercícios de respiração: mostrar apoio constante, respirando junto com a criança, ajudará a se acalmar;

•Relaxamento: ajudá-la a se visualizar em situações mais calmas e distantes do fato ou afeto que a está deixando ansiosa, o distanciamento afetivo ajuda no equilíbrio emocional para instaurar novos modos de agir e perceber as situações ansiosas de forma menos intensa e mais profunda, conseguem sentir menos e compreender mais;

•Desenvolver a paciência: é importante que a criança aprenda a esperar sua vez, seja sendo esperando por algo em fila, seja aguardando algum atendimento, seja esperando sua vez em jogos. Ter o reconhecimento corporal e mental de que tudo na vida demanda uma espera ajudará a se fortalecer aumentando seu limiar de frustração. A espera por acontecimentos são frequentes disparadores de ansiedade;

•Atividades físicas (dança, natação, futebol, capoeira, etc.): são importantes instrumentos que possibilitam a criança a se expressar corporalmente assim como também exigem que a criança utilize corpo e mente, gastem energia e aprendam muito, cada atividade tem seus ensinamentos e contribuições. A criança utiliza o corpo e a mente para construir momentos bons e proveitosos se empoderando.

Alguém que segure a mão da criança e diga que está tudo bem, vamos respirar fundo, devagar, tudo vai dar certo, muitas vezes colabora para que consiga superar um momento ansioso. Ser parceiro no enfrentamento dos medos dela, contribuirá a lidar aos poucos para que não a impeça de se relacionar socialmente, divertir-se em ambientes diferentes e que possa frequentar a escola e usufruir de seu aprendizado. Em alguns casos de ansiedade mais grave será necessária intervenção medicamentosa juntamente com psicoterapia.

Em tempos de pandemia será comum haver maior número de pessoas ansiosas, afinal não sabemos o que esperar. Nunca passamos por uma situação igual essa. Para nós adultos vale igualmente a investigação dos disparadores da nossa ansiedade. Como para cada pessoa será diferente e por um motivo temos que nos observar. É um exercício diário que necessita compreensão e apoio das pessoas ao redor.

Algumas pessoas se acalmam vendo jornais o dia todo e se abastecendo de informações. Outras não se sentem bem, ou ainda, na hora que estão vendo fica tudo bem, mas mais tarde todas aquelas informações voltam em sua mente e fica difícil de ignorá-las até que as sente como responsáveis pela crise de ansiedade que entram naquele momento. Há pessoas que nem se percebem ansiosas, não param de comer, ou de roer as unhas, ou de mudar de canal, por exemplos, sofrem mas justificam seu sofrimento com comportamentos impulsivos com o quadro da pandemia e não com uma disfunção que pode ser prejudicial.

Cada pessoa tem que observar os sinais que podem apontar para qual o seu disparador de ansiedade. Só a partir desta observação poderão adotar estratégias para conseguir lidar com o conteúdo (medo do que pode acontecer), sem as confusões mentais causadas pelas notícias trágicas (estimuladoras de ansiedade).

A ansiedade nos ajuda até mesmo a elaborar planos, a nos preparar, pode até nos estimular a criatividade, se bem administrada, mas quando domina nossos pensamentos e comportamentos traz consequências negativas. Enfrentar situações novas, sentir medo de errar, ficar nervoso e ansioso por algo é normal ao ser humano. Logo, a ansiedade necessita ser tratada quando o nível de estresse paralisa a pessoa, impedindo que realize suas atividades. Podem ocorrer também sintomas físicos como dor de estômago, dor de cabeça, dificuldade para dormir. A pessoa não desliga, fica preocupada o tempo todo e geralmente com pensamentos catastróficos, pensando sempre no pior. Frequentemente apresenta uma fala em excesso com um comportamento agitado. Tem um nível de exigência muito alto com relação a si. Geralmente pais ansiosos acabam tendo filhos ansiosos.

Se os pais/responsáveis conseguem fazer uma rotina, colocar limites para as crianças, brincar com as crianças, cuidar do sono, conseguirão uns minutos para cuidar de si e, inclusive, se perceber. Uma pessoa mais satisfeita, feliz e que sabe do que gosta, sabe se divertir, consegue se conhecer melhor, se observar, estar mais atenta e se fortalecer frente a possíveis crises de ansiedade, assim como ajudar sua criança se necessário.

Respire, se organize, se perceba e não hesite em buscar ajuda quando desejar!

Estamos à disposição!

Se quiser saber um pouco mais sobre a ansiedade indicamos a leitura abaixo:



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